terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Cristãos e ateus!



No mês passado recebi de diversos colegas, tanto por e-mail, como pelo facebook, essa reportagem sobre o conflito entre cristãos e ateus, da repórter Eliane Brum (Pra quem não leu: http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/noticia/2011/11/dura-vida-dos-ateus-em-um-brasil-cada-vez-mais-evangelico.html).
Eu, como cristã, evangélica, protestante, crente, há mais de 25 anos, devo dizer que fiquei chocada com o relato dela.  Afinal, quem me conhece sabe que sou contra QUALQUER tipo de preconceito. Tenho amigos gays, negros, mulçumanos, espíritas, “macumbeiros”, wika, capitalistas selvagens (esses são os mais difíceis de amar! Rs), até mesmo flamenguistas! Ateus? Meu primo é ateu e eu o amo e o respeito. Meu namorado é ateu e os amigos dele também o são. E me relaciono muitíssimo bem com todos eles, obrigada.
O que me deixa chocada na história do taxista é a forma como ele trata a repórter, como se ela tivesse alguma doença contagiosa ou fosse uma endemoninhada.

“Deus me livre!”, “É que Jesus não te pegou ainda. Mas ele vai pegar.” Jesus agora é algum tipo de ameaça? ‘Ele vai te pegar’, como se estivesse à espreita, esperando você passar na esquina pra te forçar a acreditar nEle ou te jogar no inferno?? Não. Esse Jesus eu não conheço. Conheço um Jesus que bate na porta e pede licença pra entrar. Um Jesus educado.

Sabe, acreditar em Jesus, em Deus, no Espírito Santo, não é uma tarefa fácil não! Eu só acredito neles pq eu tive experiências profundas com eles! Experiências reais! Então eu não vejo motivos para atacar um ateu por ele não acreditar! Tem tanta coisa que eu não acredito, já que eu não vi, nem vivenciei... Julgar o próximo é uma das ações que Jesus mais combateu. E esse taxista, ao julgar e não respeitar a repórter está ferindo aos princípios de Jesus de respeito e amor ao próximo. Mas não acho que ele faz isso por raiva ou preconceito. Acredito que ele faz isso por imaturidade espiritual mesmo. Por falta de conhecimento.

Falando dos evangélicos neopentecostais, devo concordar com a Eliane em muitos pontos. Tenho lá meu pé atrás com essa corrente. Como já disse antes, sou evangélica há 25 anos, aproximadamente. Fui criada nas igrejas tradicionais (batista e metodista), visitei muitas Assembléias de Deus (exemplo de igreja pentecostal) e freqüentei por um tempo algumas neopentecostais. O que posso afirmar – sem julgar se certo ou errado, já que acredito que Deus trabalha de forma individual com cada pessoa, já que somos seres distintos – é que me incomoda muito algumas teorias, como a teoria da prosperidade, ou “venha para Jesus e pare de sofrer”, entre outras coisas. Por que essas igrejas crescem tanto?? Porque pregam uma vida sem sofrimento, onde Jesus vai te dar um carro do ano se vc se sacrificar por Ele – e não só financeiramente falando. Muitas igrejas neopentecostais – eu disse MUITAS e não TODAS, que fique claro - pregam a prosperidade como se isso significasse riqueza! E na verdade, ser próspero é ganhar pouco e não lhe faltar nada! Ser próspero é conseguir dividir o pouco – ou muito – que se tem como próximo. Ser próspero é ter uma boa vida, e isso não significa ter uma conta bancária recheada! É viver sabendo que Deus não deixa faltar nada aquele que O ama e caminha com ele.

Essas igrejas crescem muito em regiões onde o poder aquisitivo é menor e onde há uma população mais humilde. Justamente por isso! Essa teoria equivocada de prosperidade! A bíblia diz “meu povo peca por falta de conhecimento” E como ter conhecimento se não se lê? E se quando se lê - me referindo à bíblia agora - seu mestre (pastor, líder, diácono, o que for) muitas vezes não é uma pessoa preparada anteriormente para esse cargo, não tem condições de sanar suas dúvidas, levando a interpretações errôneas do livro em questão. Vejo isso o tempo todo. Em uma das igrejas que freqüentei, a sede de crescer e se expandir era tanta que membros eram eleitos para pastorear! Ora, para ser pastor é preciso fazer uma faculdade chamada teologia! A bíblia não é um livro fácil de se entender e o papel do pastor é ensina-la! E como se ensina se não se domina o assunto???

 Ou seja, Eliane tem razão em dizer que os “neopentecostais são constituídos no modo capitalista. Regidas, portanto, pelas leis de mercado.” Concordo!
Mas repito! Não estou generalizando pq isso seria errado! Existem igrejas neopentecostais muito, mas muito sérias mesmo!

Agora, posso afirmar que os cristãos que agem como o pobre taxista não podem – pelo menos não deveriam – ser considerados a maioria. Os novos convertidos muitas vezes não sabem agir com quem não professa a mesma fé e acabam metendo os pés pelas mãos. E não fazem isso por preconceito não! Muitas vezes é por amor! Vou explicar. Nós nos sentimos tão felizes com o que vivemos dentro das igrejas que queremos compartilhar com o mundo. É como se tivéssemos comendo uma deliciosa torta de brigadeiro preto e branco e quiséssemos repartí-la, mas nosso vizinho não gostasse de brigadeiro. Apesar de ficarmos realmente alarmados por alguém conseguir não gostar de brigadeiro, não podemos simplesmente forçar o vizinho a experimentar, empurrando goela a baixo e dizer poucas e boas à ele por não gostar de brigadeiro.

Eu só espero que os cristãos – sejam protestantes tradicionais, pentecostais, neopentecostais - leiam mais a bíblia e orem mais, para que saibam lidar com amor e cortesia com o próximo e evitar causar esse tipo de escândalo ao evangelho, que afinal, prega o amor e não a intolerância. Até pq, esse tipo de atitude gera preconceito contra nós mesmo! Odeio ser taxada de tapada, lesada, sem raciocínio, gado, por professar a fé que professo. Existem evangélicos em todas as profissões e classes sociais e níveis intelectuais, assim como as demais religiões. Não é justo sermos tratados como pessoas burras. Preconceito é ruim em qualquer esfera, seja quem for que esteja sofrendo com ele.

Um comentário:

  1. Fala aí Aninha, belezinha?
    Paz.
    Tentei ver a reportagem, mas pelo link informado, não foi, a página deu erro.
    Pelo que entendi, o papo foi sobre a jornalista ter sido "importunada" pela pregação ou evangelismo do taxista, correto?
    Se não tiver sido isso, me desculpe, mas entendi errado.
    Eu também sou a Fé há um tempo, embora tenha me desviado e me arrependo disso, mas graças á Deus voltei, pra nunca mais sair. Conheci uma par de mudanças nos estilos "evangélicos" (confesso que não curto esse termo, talvez por trauma em relação aos que são de fora o definem, kkkkkkk) e concordo quanto á isso contigo, descreveu muito bem.
    Eu observo algumas coisas. Falo isso por que não sou observador nato, mas para alguns tipos de situações, creio que comportamentos, pontos de vista, eu analiso bem.
    Por várias vezes, conversei com algumas pessoas, das quais sei que ficaria apenas na conversa e não se transformaria em uma discussão, sobre algo ligado ao que postastes.
    Você definiu tudo muito claramente, mas eu vou além disso, pois ao contrário do que muitos pensam, nunca haverá a possibilidade de uma junção de todas as crenças, pois umas são "contra" as outras, ou seja, não tem como andar juntas. Não pense que um ateu é bacana ou respeitoso por não "evangelizar" da mesma forma que o cristão ou alguem de outra fé, pois o ateu só não faz igual pois o que ele acredita é dessa forma, tanto é que se (ou quando) ele se converter á Jesus, entrará no bom exemplo da torta de brigadeiro.
    Nunca poderemos forçar á comeremm, mas oferecer e sempre, será nosso dever.
    A difernça de umas crenças para outras é o modo de como agem e isso não tem como igualar, equilibrar, pois umas crenças colocarão despachos na rua, outros dirão que Deus não existe ou que tudo é cósmico, outros dirão que a árvore é dona de tudo e por aí vai.
    Conviver com isso tudo é que é uma arte, kkkkkkkkk.
    Sempre haverá reclamação.
    Dentro do próprio cristianismo, sempre haverá confusões, conforme as que descrevera.
    Viver em Cristo, é conviver com isso tudo e vencer sempre.
    Vencer nossa vontade de xingar tudo por causa de toda essa situação, vencer nossa vontade de achar que tudo incomoda, vencer nossa prepotência de achar que somos melhores por não rodarmos no poder ou ao menos não sermos confunidos com endemoniados e o principal, vencer nossa vontade de não orar, pois a oração nos dá força para suportarmos á tudo isso.
    Bjão e Paz.

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